10 de dezembro de 2014

Opinião do Luiz Ruffato em El País


Meus romances preferidos

Existem dois tipos de listas: as necessárias e as inúteis, sendo que em muitos casos, dialeticamente, as necessárias tornam-se inúteis e as inúteis, necessárias.... Continuem a ler aqui

8 de dezembro de 2014

Poema de Ronaldo Cagiano à Manoel de Barros




Leitura de Manoel de Barros

Na pa 
           lavra, 
absolvição dos vermes
redenção das folhagens
cumplicidade da terra
                          animais
                          homens

Flor escrachada
que se celebra
contra o almanaque das raízes

            promessa de sementes
            sondagens no aluvião

Subversão espontânea
de todas as entranhas
secreto fluido
na origem de tudo.

Verbo sem desleixo
apregoando edital das coisas
                                   bichos
                                    seres
 (interlocução com a natureza)

A curva do rio,
vértice do poema
na vertigem do asfalto
promessa de sementes

eis a palavra a palavra a palavra

a palavra se germina
e gesticula  nos purgatórios
e se instala, voci-
                          ferando
campo de chama e prazer  
e
o poema o poema o poema 
narciso redivivo,
o poema se cumpre  inaudível
mas soberano
como os cetáceos nos pélagos do mar.

E se impõe e se instala
entre avencas retesadas
na sintaxe do barro
no fonema da areia
                        miliardário destino
solidário
como o seio da mulher
metáfora das maçãs
quais casulos soberanos
            memórias das árvores
           devaneio de luas e girassóis

(e)terna a gramática
que se expõe no chão estrelado
segredando outras lições
no latifúndio das frutas
ou no riacho que se vinga
no espetáculo do trajeto
de tugúrio  em  busca do mar.


(Do livro “Canção dentro da noite”, Ed. Thesaurus, DF, 1998)

                                    Ronaldo Cagiano

                           

22 de agosto de 2014

Morreu o poeta Francisco Marcelo Cabral - 20.08.2014

Ao lado, em nossas edições anteriores, vocês poderão ler a que fizemos em novembro de 2010. Nela comemoramos os 80 anos de Chico Cabral  - Nosso maior poeta.  

O vídeo abaixo é de Emanuel Messias
    



9 de junho de 2014

Chicos 40



"...Este começo de ano foi triste para nós, faleceu o amigo e artista plástico Jorge Napoleão em 15.02.2014. Esta edição é dedicada a ele, nós o homenageamos com a nossa capa e a já célebre foto que fez do Chico Peixoto na contracapa.  Também, perdemos o poeta mineiro Donizete Galvão e o prosador colombiano Gabriel Garcia Marques. Quando perdemos um artista, nossa existência torna-se mais obtusa e pesada. Eles, sensíveis que são, tornam nosso caminhar mais ameno, desbrutalizam-nos de nosso cotidiano... "  

Clique aqui:  Chicos 31.05.2014  leia esta edição




26 de maio de 2014

Sapeca



Sapeca
Misto de sapo e perereca
Nº 5 – Maio/2014 - Editor: Tonico Soares

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4 de maio de 2014

Quem se lembra de Paulo Martins?


Emerson Teixeira Cardoso


                Por que ninguém se lembrou ainda de merecidamente homenageá-lo dando seu nome a um dos muitos centros culturais que Cataguases se orgulha de ter e que teimam em aparecer ad infinitum para a “glória de sua história que relembramos agora?”.
Muitos foram os grupos ou agremiações literárias que, aqui surgiram nas últimas décadas.    Todos significativos ou no mínimo capazes de inspirar nas gerações mais novas o desejo de realizações criadoras, do fazer artístico.
Ninguém representou melhor este espírito empreendedor, essa disposição e vigor do que Paulo Martins.
Cineclubista em seus belos dias, depois de incursionar pelo Teatro do Absurdo, a poesia Marginal (Claudio Willer lançou juntamente com Sérgio Lima e Décio Bar suas primeiras obras poéticas a convite dele), iniciando por aqui as atividades do CAC – Centro de Arte de Cataguases. O CAC, consequência do Cine Clube Serguei Eisenstein pretendia aglutinar as artes plásticas, literatura, teatro, cinema, escultura numa postura singular e crítica que não suportava ideias conservadoras. O jornal “Evolução” vinculava seus textos escatológicos para o escândalo de um público para o qual a recém chegada televisão constituía a maior novidade.
Do intercâmbio com outros grupos foram dar em Nova Friburgo para uma encenação de Eugene Ionesco, “O mestre” iniciando uma fase mais teatral cuja denominação já dizia tudo no que se referia as suas ideias futuras: “Tablado Atômico”.
Em tudo e de tudo era Paulo um líder, um agente ou reagente das estruturas edificadoras dos edifícios das artes, que a seu ver pediam ações modificadoras, rápidas, extremas, profícuas.
Numa sala do prédio onde ficava as instalações da antiga Radio Cataguases realizou-se uma exposição de um artista holandês, Isaac Monteiro, os visitantes pouco afeitos a seu estilo novo e transgressor deixaram o local assustados, vivamente impressionados com aqueles trabalhos de uma renovação exacerbada.
Com Paulo Martins era assim: Não compreendia a arte que não fosse com o objetivo de transformar o indivíduo e seu meio que dormitavam numa realidade cultural estagnada, estática, passiva.
O Centro de Arte de Cataguases, buscava intensamente uma arte baseada na experimentação.  Do seu convívio no Rio de Janeiro com gente de cinema adquiriu a experiência necessária para a realização de seu filme. Uma produção toda dele que até mesmo no nome traduzia na medida certa seus conceitos artísticos: “O Anunciador O homem das Tormentas.”
Nesse filme figuravam além de Carlos Moura no papel título: Silvério Torres, Agenor Sereno, Haroldo Cardoso, Mário Cesar, Waldelar Moreira, Zélia Sereno entre outros.
Cataguases vivia pela primeira vez, depois da criação da Phebo Filmes, em clima de cinema.
Eu que sempre fui um entusiasta desta produção, tenho-a visto sempre com interesse, ciente de sua importância, seja pela originalidade do roteiro, pela técnica inovadora, pela narrativa estranha, pela sua trilha sonora.
Por isso não compreendo o descaso, (real ou aparente) para com esta obra e me pergunto sempre:   Quanto vale o trabalho que nos legou Paulo Martins?  Como a cidade se lembra dele?
Paulo Bastos Martins continua a fazer cinema. Vive atualmente em Campinas, São Paulo, dando aulas de cinema na Unicamp – Poucas vezes voltou a Cataguases, (da última vez, à uns vinte anos para a exibição de seu filme na FIC (Antiga FAFIC).
Ninguém se arvorou ainda de lembrá-lo com uma exposição iconográfica, uma homenagem da Câmara de vereadores, uma menção honrosa.
Para disfarçar essa grande injustiça bem que poderia aparecer por aqui um Cine Clube Paulo Martins.

Vamos pensar nisso?

18 de abril de 2014

Ouça Gabriel García Márquez

Neste áudio, o genial escritor colombiano, que faleceu na noite de quinta-feira, lê passagens da obra.
Aqui, encontramos a família Buendía - Úrsula, Aureliano Segundo e José Arcadio Segundo - após a chuva que caiu em Macondo "durante quatro anos, onze meses e dois dias".

Escute o trecho na voz do escritor.

Cortesia: Universidade Nacional Autônoma do México e sua série "Voz Viva da América Latina".