Inspirado no poema
Fuga sobre a morte,
de Paul Celan
Fuga sobre a morte,
de Paul Celan
Por que a poesia de Paul Celan
não faiscou nas cinzas dele que desistia,
conduzindo-o assim para fora, das
cinzas ao carvão,
aquecendo-o até torná-lo brasa e fogueira,
por que a insurreta poesia não incendiou a noite de Celan
onde persistiam a tocar os escuros violinos e
branqueou o leite-breu que continuava a enojá-lo,
por que a palavra que vinha pela noite e queria brilhar
não ateou fogo na casa do homem que chamava os mastins, e
o tisnou, e aos seus cães, e ao campo todo
por que o levante da poesia não se deu e
não encheu a cova funda cavada no chão de Celan e
não esmagou a cabeça das serpentes da morte de olhos azuis
que o perseguiam, e
não o libertou, e não o livrou do veneno e do suicídio,
por que a poesia de Celan não o elevou das cinzas ao incêndio,
por que a poesia de Celan enredou-se no silêncio e entregou-o
enganada à cova grande nas nuvens onde não se deita ruim
- e onde em tempos já de paz (não para ele) Celan aceitou deitar
enquanto permaneciam tocando cada vez mais escuro em sua
alma os malditos violinos?
não faiscou nas cinzas dele que desistia,
conduzindo-o assim para fora, das
cinzas ao carvão,
aquecendo-o até torná-lo brasa e fogueira,
por que a insurreta poesia não incendiou a noite de Celan
onde persistiam a tocar os escuros violinos e
branqueou o leite-breu que continuava a enojá-lo,
por que a palavra que vinha pela noite e queria brilhar
não ateou fogo na casa do homem que chamava os mastins, e
o tisnou, e aos seus cães, e ao campo todo
por que o levante da poesia não se deu e
não encheu a cova funda cavada no chão de Celan e
não esmagou a cabeça das serpentes da morte de olhos azuis
que o perseguiam, e
não o libertou, e não o livrou do veneno e do suicídio,
por que a poesia de Celan não o elevou das cinzas ao incêndio,
por que a poesia de Celan enredou-se no silêncio e entregou-o
enganada à cova grande nas nuvens onde não se deita ruim
- e onde em tempos já de paz (não para ele) Celan aceitou deitar
enquanto permaneciam tocando cada vez mais escuro em sua
alma os malditos violinos?
Zeca Junqueira
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