10 de abril de 2012

Um poema de Paul Celan

Inverno

Cai agora, mãe, neve na Ucrânia:
Da coroa do Salvador feita com milhares de grãos de tormento.
De minhas lágrimas aqui, nenhuma chega até ti.
De antigos acenos somente uma orgulhosa mudez...
Nós já estamos morrendo: o que você não dorme, barraca?

Também este vento gira como um afugentador...
São eles, que sentem frio na escória, de fato -
as b a n d e i r a s-corações e os braços-l u z e s?

Eu permaneci o mesmo nas trevas:
salva-se a tília e se desnuda a severidade?
Das minhas estrelas que tanto doem quanto rasgam
as cordas de uma muito alta harpa...

Nisso urge às vezes uma hora de rosas.
Extinta... Uma. Sempre uma...
O que seria, mãe: crescimento ou ferida -
submergirei também eu nas dores da neve da Ucrânia?

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