10 de maio de 2011

Orfandade

Apenas a rosa e o peso de sua beleza
confrontando a rude ambiência
da favela.
Há canteiros de incertezas
interditando o avanço das cores,
mas no ar dançam abutres insistentes
numa coreografia que se repete
contra a sisudez do caos
enquanto o calor grelha
os ombros cansados do operário das lixeiras.
Anjos de porcelana
dividem o mofo das paredes:
sussurram segredos de Rilke
entre balas perdidas.



Ronaldo Cagiano


Poema selecionado pela Secretaria de Cultura de Porto Alegre 
na 19ª edição do Concurso Poemas no Ônibus e no Trem