27 de março de 2008

Convite do poeta Claudio Sesín


Nosso grande amigo e poeta Claudio Sesín convida a todos para o lançamento de seu próximo livro no dia 10/04/2008. Aqui no blog tem um poema dele "Columna de Fuego"

24 de março de 2008

O Grande Hotel - Emerson Teixeira

Esse Grande Hotel dos Viajantes
em outros tempos viu dias melhores.
Tinha janelas de vidro, porteiro de suíças
como o San Mareno da América
e o menu era em francês

Para onde foram levados seus tapetes vermelhos e caros ?
(o gerente vestia um príncipe Alberto)
a sua chaise longue.

Eu que nunca estive ali posso imaginar
que seu vasto salão de festas abrigava um violoncelo
e um velho piano de cauda para distrair os hospedes.

Que gosto clássico nos seus móveis de pinho de riga!
Suas linhas arrojadas eram um cartão postal.
Nada direi de sua cozinha fina que tinha uma carta de vinhos,
nem dos notáveis candelabros , sua clientela elegante e culta.

Mas a enorme fachada invocava valsas de Strauss e carruagens.

Esse Grande Hotel já foi tão belo...
mas uma fada má que se hospedou ali numa noite feia
pra seu esporte o transformou num monturo.


Emerson Teixeira

17 de março de 2008

Pedras que rolam não criam musgos

Uma homenagem a Alan Ginsberb
parafraseada de versos do genial Drumond  
ou Relendo Carlos Drummond


No caminho havia uma pedra.
Uma pedra rolou no meu caminho
musgos brotam na pedra do meu caminho
meu caminho é de pedras que já não rolam
levito a pedra, ou os musgos me levitam.
Oh poeta! Posteastes uma pedra no meu caminho.
Mas, o beat-zen drogado tira a pedra do meu caminho.


Antonio Perin

14 de março de 2008

Algozes - Zeca Junqueira

(Inspirado no poema Inexílio,
de Francisco Marcelo Cabral)
Eu também decido que nada,
Cataguases
nem a traiçoeira fala nem a fala estudada
a falsa hospitalidade
o desprezo pelos seus poetas de tanta doçura e
nenhum centavo
nada, Cataguases
nem as costas a mim dada pelo irmão na
permuta da fraternidade pelo dinheiro
pela cupidez que cerra o punho, ameaça e não reparte
nada
nem a troca da vida de coragem e para sempre celebrada
pela vida calada e triste que range os dentes e os ossos e
paga o preço da rendição
vida fedendo a cinzas e a velório
eu também decido que nada,
nem o meu longo exílio, meu perpétuo exílio
nem o medo de que a poesia não sustente a luta
de que o poema não triunfe e não acenda a noite e
eu morra louco e mudo no
escuro das suas ruas de tempo
nada, Cataguases
nem a ameaça de que um dia o amigo enjoe e
no meio do caminho o verso engasgue
o encanto quebre e ele se vá
eu decido que nada
nem a perda da única esmeralda que tirei de ti
nem as suas ruas agora sujas, as suas praças sujas,
a sua oculta gente suja, tudo podre, tudo passado,
tudo vendido e comprado
tudo estragado, tudo fodido
eu decido que nada,
Cataguases
eu decido que nada
nem o pior dos vermes
nem a pior loucura
nada do que se oculta e me assombra nesse lodo fedorento
que corre nas veias de seus algozes
vai me fazer
te amar menos.
Zeca Junqueira