23 de maio de 2010

Fim das ruas

*Arturo Herrera


Morre a numeração cansada;
este é um limite. Daqui,
o horizonte prolonga a solidão de areia.
Uma chama pestaneja pelas noites,
ilumina um pedaço de pão compartilhado.
Todo possível ruído
foge em silêncio;
só os cachorros adoram a lua.
O frio trêmulo lastima a pobreza
e já é desprezada a bela chuva
pelo seu costume de invadir as casas.
Morrer-se aqui é apagar os olhos
para não ver os sofrimentos.
Todos usam palavras iguais para o morto:
tem um rosto tão sereno.

Choro de uma criança nova!
Há outro herdeiro dos sofrimentos.
*Arturo Herrera
(San Fernando de Catamarca Arg.)
Tradução Ronaldo Cagiano

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