30 de março de 2012

Um poema de Thomas Hardy


Um encontro com o desespero


              Quando à noite no ancoradouro escuro
                         os olhos não pude mais suster
                         da escura terra as formas eu juro
                         a semelhança tinha de todo sofrer

                         Tal cena a minha própria vida
                         onde muitas tristezas me disseram como existem
                         parecida por destino a um monte morto
                         onde muitas desgraças vivem

                         Dei uma olhada e parei
                         Ao ver no alto, a respiração aflita
                         as nuvens acendiam a sua gloria
                         E então pensei:
                         Há por aqui uma paz bendita
                         Aí a mim reprovações eu dava;
                         quedei-me assim silenciosamente
                         Qual perversa e falsa divindade
                         Se revoltasse desconformemente

E no horizonte à contramão a roda
formou-se algo de aspecto estranho
E lá estava, horrível, sem socorro, percebi
não sei como a essa visão eu resisti
“Este é um lugar despovoado, morto onde mesmo à luz,
é pura escuridão: disse aquilo a mim
‘mas não olhando ao alto!” disse-lhe eu
pensando enfim.

“Sim, mas um pouco espere”! gritou “Ho – Ho...
Olhe ao alto agora e veja!”
Olhei. Ali também, só noite. O show celeste
foi-se enfim.   Então riu-se ele de mim.

Tradução Emerson Teixeira Cardoso        



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