15 de abril de 2012

Poema de Antônio Perin

A Casa morta II


Ao José Vecchi

Lá na casa dos Carneiros
Sete candeeiros são acesos...
Elomar




Zé!  A casa da rua Alferes caiu!
O cheiro da nossa infância foi-se.
A açucena-branca no aço do portão
lacrimejou no fio da  foice do peão.


Tratores avançaram sem alvará
o último átimo do Pequeno al-fãriz
brandindo  o aço de sua cimitarra
forjada do mais diáfano verbo
foi chorar um acorde da guitarra.


Zé! O cheiro da manga
agora só na gôndola
O roxo da jabuticaba
só na marca dos imorais.


Tudo a baixo. Tudo... Tudo...
nem soleira alta  nem sótão
nem cumeeira  nem porão
nem assoalho de tábua corrida
nem virgens nuas por entre frestas.


 Doravante Zé
Fruta roubada no pomar.
Nem pensar. Nunca mais.

Al-fãriz  árabe : cavaleiro, escudeiro


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