18 de julho de 2012

Um poema do palestino Mourid Barghouti


Os três ciprestes

 Transparente e frágil,
 como o sono de lenhadores,
 serena, prenunciando as coisas que virão,
 a garoa da manhã não esconde
 estes três ciprestes na encosta.
 Seus detalhes desmentem sua mesmice,
 seu brilho confirma.
 Eu disse:
 Eu não ousaria ficar olhando para eles,
 há uma beleza que tira a ousadia,
 há momentos em que a coragem desaparece.
 As nuvens rolando no alto
 alteram a forma dos ciprestes.
 As aves que voam para outros céus
 alteram a ressonância dos ciprestes.
 A linha de azulejos por trás deles
 corrige o verde dos ciprestes
 e há árvores cujo fruto é só verdura.
 Ontem, na minha alegria súbita,
 Eu vi sua imortalidade.
 Hoje, na minha tristeza repentina,
 Eu vi o machado. 

Versão  de Antônio Perin

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