29 de julho de 2011
8 de junho de 2011
Vanir: Pássaro noturno
Lembro-me de ti, amigo,
descendo ladeiras, matadouros,
seguindo avenidas, enfrentando labirintos,
para encontrar o belvedere
próximo à bomba d’agua,
e ali edificar teus sonhos,
contabilizar teus segredos.
Por que não sorves mais uma colherada daquela sopa,
que agora esfria no fogão?
Tens pressa, amigo,
para seguir com o rio
que corre nos fundos do quintal?
Leva contigo as dores e a velha canção de amor!
Deixes o sangue que renovavas
à medida que alongava os passos,
liberta-te da carga tóxica: avesso do rio.
Lembro-me do teu andar despido
e tuas mãos entrecruzadas nas costas,
enquanto vislumbravas pequenos tesouros
às margens dos paralelepípedos.
Teu assovio reverbera
onde não há mais palavras,
nesse lugar inominável chamado ausência.
Mas o amigo, deitado sobre o volumoso diário de su’alma,
seguiu o curso metafísico do adeus.
Tão enigmática era a leitura,
nem mesmo a deusa Jose
penetrou o insondável de tua alma.
Enquanto avançavas
rumo ao desconhecido
na extensa reta à sua frente
ao teu lado galopava um menino,
para recolher-lhe o corpo.
Assim despido, leve, como a hóstia divina,
num impulso, alçou seu voo noturno.
Voa, pássaro noturno,
Tens nas mãos o teu destino: ser ave de junho
nesse dia que nunca acaba.
Mas sei que enxugas as lágrimas de Jose,
Ela ficou sozinha no castelo,
ainda não lhe nasceram asas.
Lembro-me de ti, meu amigo,
daquele raro sorriso que davas
ao final do dia,
gargalhada austera contra os mistérios da morte.
Escuto seu assovio, enquanto
todos nós, junto com Jose,
maldizemos a noite que
caiu sobre teu corpo
como um feixe de punhais.
E na curva desse Lete
em que se transformaram tuas artérias,
tudo agora é memória e saudade.
Amanhã também direi: lembro-me de ti, pássaro noturno,
Ave plural na imensidão do etéreo.
Eltânia André Escritora, nascida em Cataguases.
Autora do livro de contos: : Meu Nome Agora é Jaque
10 de maio de 2011
Orfandade
Apenas a rosa e o peso de sua beleza
confrontando a rude ambiência
da favela.
Há canteiros de incertezas
interditando o avanço das cores,
mas no ar dançam abutres insistentes
numa coreografia que se repete
contra a sisudez do caos
enquanto o calor grelha
os ombros cansados do operário das lixeiras.
Anjos de porcelana
dividem o mofo das paredes:
sussurram segredos de Rilke
entre balas perdidas.
Ronaldo Cagiano
Poema selecionado pela Secretaria de Cultura de Porto Alegre
na 19ª edição do Concurso Poemas no Ônibus e no Trem
30 de abril de 2011
Chicos 30 edição de abril 2011
Esta é a edição número 30 da Chicos.
e-zine literária de Cataguases.
Para ler online, baixar ou imprimir é só clicar em: Chicos 30
4 de março de 2011
Meio dia a palavra....
Meio dia a palavra paralelepípedo
Queimava meus pés,
Desde então, nenhuma outra me mete medo
Só nomes próprios.
De: O Capim Sobre o Coleiro
Marcelo Benini
3 de março de 2011
Um poema de Leonardo Campos
No silêncio do verso:
o reverso;
um retorno ao ser.
No silêncio do verso
o semitom;
o inconcluso da existência.
No silêncio do verso
a utopia
a fantasia em absurdos tons.
No silêncio do verso
o espaço
toda a inspiração em largos traços.
Leonardo Campos
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