17 de julho de 2008

Um poema de Antônio Perin


Solidão metropolitana


Relendo Miguel Torga


Tanto faz. Não importa onde.
Seja numa rua central de Sampa ou do Rio
onde verde é apenas a cor de um delírio.
Sou mais um corpo na correnteza humana
caminho como um primata sem florestas
ereto, mudo, em interiorana presença
perdido na ruidosa solidão da cidade

O concreto treme no vapor do verão
o céu através do véu cinza não é azul
corações desritmados batem na ansiedade da pressa
somos movidos pela batuta do semáforo
Vidas fingidas a caminho de bancos repartições e a bolsa
Quando o dia se apaga e a noite se acende
bovinamente retornamos as nossas celas-quitinetes.


Antônio Perin

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