6 de setembro de 2010

O rio da minha infância

Cansado o sol escorre por traz da montanha.
Olho o imundo rio de pele suja e morta,
encobre-no encardidas nuvens de espumas.
Corro, tropeço em trilhas turvas pelas sombras.

Fujo das sombras que me aterrorizam
são peixes enormes escamados pela soda
caranguejos monstros amputados pelos ácidos.

Entre os sujos casebres do beco do Haroldo
corta o vento quente soprado da papeleira,
é o podre mau hálito, o cheiro do lucro,
a morte rondando a minha infância.



Antônio Perin

2 comentários:

fernando abritta disse...

ahhh!
esses chicos são
D+.
quando eu crescer vou ser assim. Certeza q sim.

fernando abritta

José Geraldo Gouvea disse...

Uai, Zé Antônio. Não sabia que você também cometia poesia! Que beleza, homem! Belo poema.