10 de maio de 2011

Orfandade

Apenas a rosa e o peso de sua beleza
confrontando a rude ambiência
da favela.
Há canteiros de incertezas
interditando o avanço das cores,
mas no ar dançam abutres insistentes
numa coreografia que se repete
contra a sisudez do caos
enquanto o calor grelha
os ombros cansados do operário das lixeiras.
Anjos de porcelana
dividem o mofo das paredes:
sussurram segredos de Rilke
entre balas perdidas.



Ronaldo Cagiano


Poema selecionado pela Secretaria de Cultura de Porto Alegre 
na 19ª edição do Concurso Poemas no Ônibus e no Trem

30 de abril de 2011

Chicos 30 edição de abril 2011


Esta é a edição número 30 da Chicos.
 e-zine literária de Cataguases.
Para ler online, baixar ou imprimir é só clicar em:  Chicos 30

4 de março de 2011

Meio dia a palavra....


Meio dia a palavra paralelepípedo

Queimava meus pés,

Desde então, nenhuma outra me mete medo

Só nomes próprios.



De: O Capim Sobre o Coleiro



Marcelo Benini

3 de março de 2011

Um poema de Leonardo Campos



No silêncio do verso:
o reverso;
um retorno ao ser.

No silêncio do verso
o semitom;
o inconcluso da existência.

No silêncio do verso
a utopia
a fantasia em absurdos tons.

No silêncio do verso
o espaço
toda a inspiração em largos traços.

Leonardo Campos 

24 de janeiro de 2011

O ocaso nas letras

Romantismo:

“O sol declinava no horizonte.” – José de Alencar


Modernismo:
“A tarde suicidava-se como Petrônio.” – Oswald de Andrade


Pós-modernismo:
“Caía a tarde feito um viaduto.” – João Bosco-Aldir Blanc


Atemporal:
“O sol amuntava na cacunda da serra.” - Geraldinho

Antonio Jaime Soares

6 de setembro de 2010

O rio da minha infância

Cansado o sol escorre por traz da montanha.
Olho o imundo rio de pele suja e morta,
encobre-no encardidas nuvens de espumas.
Corro, tropeço em trilhas turvas pelas sombras.

Fujo das sombras que me aterrorizam
são peixes enormes escamados pela soda
caranguejos monstros amputados pelos ácidos.

Entre os sujos casebres do beco do Haroldo
corta o vento quente soprado da papeleira,
é o podre mau hálito, o cheiro do lucro,
a morte rondando a minha infância.



Antônio Perin