20 de abril de 2009

Cena do moço viajante

*Francisco Inácio Peixoto
- Não se avéxe seu moço, se apeie
E entre pra dentro de casa
Nem que seja pra um dedo de prosa...
Se descance do bruto estirão
Que o sol está quente de morte!
Se apeie seu moço, quê isso!
Não custa esperar um tiquinho...
Vou agora lá dentro e já volto,
Dar ordem de trazer pro senhor
Um cuité d'agua fresca da talha.
E o moço seguindo viajem
Se despediu contente do homem
Mais da filha dêle tambem
E estalando com a lingua saíu
Pensando -nem é bom de pensar!
Que gôsto dágua teria
Aquéla agua da mina gostosa
Si fosse bebida na concha
Das duas mãos tão cheirosas
- Mais limpas muito mais frescas
Que um cuité bem raspado -
Daquéla virgem formosa...

*Francisco Inácio Peixoto
Cataguases - MG
(05.04.1909 - 08.01.1986)

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