9 de janeiro de 2008

As estações - Aloísio Tico Tico

Numa noite de 1984, em Ubá

Às vezes os velhos amigos me perguntam
Porque não canto agora e nem sorrio
Com a loucura harmoniosa de outrora.
Eles não percebem, ou não querem ver,
a obra profunda e misteriosa das horas,
o labor dos minutos e o prodígio dos anos...
É que eu, como as árvores mais jovens,
produzia, ao sabor da brisa primaveril,
um vago e ditoso som, semelhante talvez
ao ruído do vento quando acaricia
a cabeleira verde das árvores serranas...
Mas já passou aquela quadra amiga,
levando em suas asas o riso juvenil e terno.
É tarde já, e se aproxima o inverno...
Deixem portanto que este coração
se mova agora ao som das tempestades.

Aloísio Tico Tico

Nenhum comentário: