8 de janeiro de 2008

Resquícios - Ronaldo Cagiano


Nas águas do velho rio
navegam barcos da infância
que lancei rumo às estrelas.

Ah, como dói saber
que o menino ainda sobrevive
na espera infundada dos sonhos.

Sobre o beiral da ponte
que atravessa a cidade,
perco-me no espelho que me espia
e diviso outras miragens.

Onde ancorei a esperança?
E em que ponto naufragou a utopia?

Indago às novas torrentes,
mas o murmúrio do leito imune aos meus apelos
denuncia o imponderável que há nas coisas.

Volto-me para a retaguarda de fastios,
meus olhos testemunham ruga e mofo
e em todo o canto algo deduz que o tempo,
esse mar adiante das remotas águas,
engoliu a minha história.

Ronaldo Cagiano

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